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Norte...
Eu estou vivo, sabes? E talvez isso signifique, afinal, que exista em mim um potencial infinito. Vou ficando apaixonado pela ideia de poder fazer tudo e sonhar com tudo. Talvez pelo segredar, quase erótico, da palavra mudança: e que a distância não signifique uma nova corrente fechada no meu pescoço.
Gosto disso. Gosto. Inexplicavelmente. Como o calor de um corpo nu que me aquece no regresso da solidão. E sinto-me extraordinário! Capaz de ouvir os ecos das margens que cantam, celebrando, aqueles pensamentos que me apaixonam sem noção. É quase uma serena justificação para este gostar. Como se fosse possível, nos meus limites, justificar porque gosto disso. Inexplicável.
Creio que seria necessária toda a minha prudência enquanto fosse desfiando alguns segredos, sussurrados em conspiração ao teu ouvido e escutar silencioso, talvez porque não acredite no amor que mora no mundo dos Sonhos; talvez faça mais sentido para mim que esse amor seja um escravo do Desejo, e sei como os Desejos conseguem ser cruéis.
Pouco importa.
É nas distâncias que me sinto realmente vivo. É quando caminho para longe que, siderado, consigo justificar o fogo mais intenso dentro de mim, a vontade quase caótica de possessão física, carnal, de outro corpo, num ritual pessoal de animalidade inconsciente. É doloroso o desejo por fragmentos do prazer de outro. É aceitar a sina de quem tenta a distância apenas para justificar a necessidade do regresso.
E como explicar isto? Querer o teu olhar em mim, enquanto afastas a pele do animal, longe dos sentidos de monstro, talvez tu conseguisses passar a tua língua quente na minha memória, nas minhas Sombras, e sentir outras cores.
... Talvez.