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O sabor da melancolia é maravilhoso. É como saborear a própria mente.
A nossa melancolia é uma companheira infatigável; em todos os momentos em que surge, estranhamente confundida com um qualquer desterro da mente inerte pela ideia de tristeza, se conseguir ultrapassar essa barreira, sei das suas imensas propriedades curativas. Sei como se pode converter em sabores, naqueles dias em que a mera ideia de olhar para algo ou alguém, fará surgir um outro labirinto - uma outra forma de caminhar.
Mas é na margem de outras melancolias que gosto de pernoitar; nas vezes em que os meus passos silenciosos, caminham por outras sombras. Creio que estas são melancolias que se desfrutam em solidão, quase egoísta, porque saltamos em escarpas, muralhas escorregadias e precipitadas, onde falhar nos gestos se perturbam os pensamentos e se acendem as luzes, e as sombras se voltam a esconder.
Ah!
Mas é aqui que gosto de me baloiçar! Entre a luz do dia que sempre parece atrair o sorriso e as palavras do positivismo mais urgente, e as sombras que dançam naquela melancolia nocturna, quando estamos realmente frementes pelo seu usurpar. É neste estranho e antigo caldo que se cozinham os sabores das minhas alquimias preferidas.
Onde prefiro ser um fantasma entre melancolias. Sentir-lhes o sabor. Conhecedor do que é apenas melancolia de todos os dias, enquanto vou apurando o gosto intensamente amargo de outras claridades a meia-luz.
Ou sentindo o néctar doce daquela rara melancolia, desenhada a esquissos precisos, como silhuetas silenciosas.
Aqui bem mais raras e por isso muito mais valiosas para uma criatura como eu.