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Dos nossos dias de glória ...

 

Nenhuma existência humana fica realmente completa na morte sem o percorrer, pelo menos uma única vez que seja, os caminhos solitários do Norte gelado. Creio eu, passageiro, ainda hoje, de tantos dias perdidos entre a floresta e as estradas que atravessam os meus sonhos de sempre. Podemos caminhar acompanhados, numa harmonia que transforma a neve fria e o nevoeiro das manhãs escondidas naquela doce tentação de quem se entrega a um pecado feito de suspiros partilhados, olhos brilhantes e enfeitiçados... A cumplicidade transformada em dádiva.

Mas,  dizem-me muitas vezes, os Deuses gostam de sorrir aos que se atrevem nestes caminhos sozinhos, concedendo-lhes a visão do fogo final, antes do sol se cobrir com os véus invernais. Alguns incautos, tornam-se loucos, perdidos nos ecos dos seus próprios passos, incapazes de suportarem o peso dos seus próprios pensamentos. Outros, aprenderam a transformar os ventos que assobiam numa canção que embala os sentidos durante horas! Não existe delírio como o dos encantados pelos caminhos do Grande Norte. Tudo o que resta repete a saudade e a necessidade de regressar uma e outra vez. Até que tudo termine.

Existe, nestes caminhos, um saciar de fome que consegue aplacar os ferimentos de morte, uma solidão tão intensamente vivida entre os pensamentos e os batimentos de um coração perdido naquele fulgor de quem sabe verdadeiramente onde pertence, um cego em transmutação dolorosa aprende pela saudade o sabor incalculável da saliva salgada de um beijo, o triunfo do regresso ao abraço de um corpo quente.

Salvação.

Fleuma,







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