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" Nós que defendemos outra fé, nós que consideramos a democracia não só como uma forma degenerada da organização politica, mas como uma forma decadente e diminuída da humanidade que ela reduz à mediocridade, onde colocaremos a nossa esperança?" Nietzsche
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De todas as cedências que inevitavelmente faço, dar a outra face não é uma delas. Sempre me pareceu covarde o conselho dos que defendem esta ideia; após a primeira bofetada perdoar, e se assim for necessário virar a outra face.
Estranho. Covarde e inadmissível. E que nada tem a ver com o valor da cedência em nome de algo superior, que não esmague o individuo pelo colectivo.
Escrevo sobre ceder. Pequenas cedências que vão talhando o que somos. Maneiras inventadas para uma aceitação.
Cedemos em nome da estabilidade que troça de nós todos os santos dias da nossa miserável vida; baixamos a cabeça e a voz, preciosa voz, ao primeiro bofetão de quem agride porque faltam as forças da coragem e porque a próxima bofetada será mais forte. Mais humilhante. Aceita-se porque se teme o abandono ou a morte. E sim, porque existem filhos para cuidar.
Confundimos amar com ceder para melhor. Somos tristes incautos e incapazes de entender a nossa falta de inocência disfarçada de serenas promessas.
O maior embuste a que nós, veneráveis incorrigíveis, entregamos a nossa alma sem questionar chama-se democracia.
De todas as formas de ditadura, de pensamento totalitário de bem colectivo que nega o individuo, a democracia talvez seja a mais venerada; uma forma de tumor benigno de outras ditaduras justifica de tudo um pouco. Justifica a supressão de direitos em nome do politicamente correto; a implementação de bens e costumes para todos onde a negação se transforma em insultos e atribuição da chancela do discurso do ódio.
Tenho nestes últimos meses testemunhado em primeira pessoa a democracia a funcionar. São semanas a observar a deturpação sistemática da minha liberdade de expressão porque não defendo outras cores; noites a sair de recintos lotados por uma paixão comum e lamentavelmente ter de recorrer aos punhos para me defender de supostas brigadas " antifa" com os rostos tapados. E descubro que são criaturas que não aceitam o que sou e quero; que não são tolerantes ao que exprimo. Descubro que a democracia é um conceito absurdo e utópico, tão delirante como a necessidade de não aceitar as diferenças.
Veste-se de justiça e direitos para todos. A cor dos seus olhos é fiscal, sempre pronta a humilhar e violar direitos. Mas não aceita a minha discordância e muitos menos tolera outros caminhos.
Descubro que a democracia é uma ditadura inválida disfarçada de graças e atributos. Que não se orgulha na aceitação das discordâncias. Uma impostora que se atribui a si própria as mesmas virtudes do totalitarismo mais raivoso: imposição de doutrinas com a ponta das botas. Um conceito vendido durante séculos e em cujo nome se poderiam recitar poemas das maiores atrocidades.
Mas estranho a fraqueza dos seus "democratas" de cara tapada na noite. Eles sangram e choram.
E são muitas a vezes que fogem como ratos enquanto chamam pela mãe.
Frágeis e ocos.