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Gosto de seguir pelos teus atalhos, e pelas tuas cores; porque tens mais alegria do que eu. Porque se revela, para mim, muitas vezes, primordial esticar a minha mão e deixar que se afogue em universos mais coloridos, como se fossem abrigos de tormentas. Luzes de aviso para o abismo. E posso muito bem ser eu a tua companhia - mesmo com esta eterna compulsão pelo que é negro e cinzento. Poderia embalar a tua insónia pela noite, apenas por sombras, entre a escuridão arqueada: bela e única!
Mas não.
Por vezes, sinto-te próxima. Frágil e murmurante por labirintos e cores. De outras cores. Aquelas que usas pelo esquisso do teu pulso, tantas vezes em esforço para que os dias não terminem na indiferença. Então, é mais fácil para mim pressentir os caminhos onde cresces, onde batem ventos - às vezes inquietos, outras, estranhamente serenos -, oiço o que cantas, mesmo no tamborilar esguio das palavras, mesmo não crescendo em arco-íris, as tuas cores são outras. Sabes, isso é meu conhecimento, esse amado sabor Satânico, venerado de lábios cerrados e olhos imensos.
Mesmo que um dia o esquecimento rasgue essas cores - finalmente, tudo encerrado - o que eu deixarei permanecer será uma outra voz, mais iluminada, quase um trinar claro, que conseguiu, por instantes, ausentar as sombras e as cinzas.