Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]
É tão doce o fim da severidade do olhar quando a luz se reacende num turbilhão que varre o pensamento. E é tão estranha a felicidade que consegue descobrir mesmo o rosto mais inóspito quando a luz e a escuridão se beijam naquele abraço de amantes reprimidos, nos minutos que sabemos não serem eternos mas escassos como o momento em que descobrimos a nossa capacidade de sonhar, imaginar que o Universo bate dentro do nosso peito.
Estes são pedaços de sombra enamorados no respirar da mais sóbria claridade onde nos recusamos a uma despedida, ao beijo e últimas palavras. Somos animais subitamente deslumbrados por um brilho no olhar que desconhecíamos - por momentos esquecidos que nada brilha para sempre, que tudo o que queremos realmente amar se afoga na condição do tempo curto.
Sim.
Mesmo no mais negro dos desejos existe esta paixão. Mesmo quando os dias são o vidro desfeito onde respiro eu consigo achar-te imensamente bela. Recordar-te em desejos tão ardentes que me calam as palavras e aprisionam os sonhos. Nestes instantes em que respiro contigo, quero ser o idiota que dança e procura as respostas. Mesmo sabendo como a tua beleza é tão quebradiça aceito a tua mão e deixo de acreditar no que outros afirmam em juras escondidas ...
... Que afinal a vida é apenas um carrossel; que este mundo está cheio de reis e rainhas que insistem em roubar os sonhos; que não, não estou cego, o negro não é apenas o branco e a lua não é simplesmente o sol à noite.
Acho que te vestes solene sem que o saibas porque o meu olhar se perde nessa forma de fustigar os sentidos.
Acho que a loucura é a tua solenidade envolta num sorriso deslumbrado por um olhar de descoberta.
A minha loucura. O meu olhar. O teu beijo solene.