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Ómega ...
Não é realmente tristeza. É antes o pensamento de quem se encontra perdido. Não é sequer a solidão forçada, a incapacidade de comunicar emoções, é o fascínio de procurar, caminhar e procurar. É não esperar ser compreendido por mãos maternas de piedade, como se fossem bondosas em tempos agrestes.
Não é realmente dormir ao relento nos dias mais soturnos, quando as manhãs não brilham, as tardes não cheiram a café e a chocolate, e as noites são a companhia mais fiel. É não compreender porque insistem tantos na inútil fatalidade que continua a travestir a sua ignorância com a ironia incapaz e o humor forçado.
Não é nada disso realmente.
É uma intensa necessidade de Pertencer. Ousar chamar Casa a um local. Conseguir, mesmo perdido e ausente, recordar o caminho para regressar mesmo que a estrada seja outra todos os dias. É como respirar finalmente, esta vontade de pertencer a algo que aquece, acarinha, protege. Uma outra voz que chama uma e outra vez.
Creio profundamente que este é o sentimento mais verdadeiro, mais visceral e pessoal que algum dia tive o privilégio de deixar correr dentro de mim: consentir o pertencer a algo e a alguém. Mergulhar nessa torrente enquanto corre o meu tempo, que acho sempre, será breve mas finalmente, Pertenço.
Por isso se torna impossível pertencer ao mundo, abrir os braços para todas as vidas e deixar o Universo indolente aos meus pensamentos, decidir por mim - como muitos parecem acreditar. E nunca conseguirei deixar de rir com a ideia de abrir os braços ao mundo que me rodeia, como se pertencer realmente, ser uma célula verdadeiramente de algo, fosse apenas como respirar. É demasiado precioso este sentimento. Único. Egoísta e carregado de um peso tão individual que todo o resto são migalhas ridículas, sem importância.
Sou arrogante ao ponto de saber que Pertenço. Imprudente o suficiente para virar o rosto para o outro lado quando alguém acha viver numa Casa.
Fleuma,