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... E não me interessa viver pelas luzes. Não quero tracejar no teu céu nem no meu, as constelações que guiam os navios perdidos na noite.
Só me interessa estar perdido. Observar-me perdido por horas a fio. Por dias e por meses. Até por muitos anos - tantos quantos viva.
Depois, que mais poderei dizer? Que sou louco por coisas e pessoas perdidas e fora do seu tempo. Pessoas esquecidas pelo tempo e por tudo o resto. Que apesar de todo o carinho por elas sentido, apesar de toda a luz nelas focada, sempre arranjam maneira de se esfumarem e tornarem sombras aos olhos de todos. Conseguem desvanecer-se da vista e passar despercebidas aos beijos e ás palavras de afecto.
Anticipar a gentileza nos olhos, que me permita sonhar que mesmo estando errado, alguém precisa de mim. Por mim e como sou. Que grite alto e bem alto, "chega!". Que repita até ao cansaço, "chega, ouviste? Basta!". A alma ficará cheia, a nossa idade será grandiosa e repleta de certeza. Anticipar o riso que se foi embora. Morrer em paz.