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Por uma vez, uma eterna vez, agradeço-te a companhia e a paixão sem limites. Tudo isto, enquanto me vou tornando cada vez mais louco.
Só por ti e contigo, ainda respiro. Mesmo quando outros se afastam
vê como é possivel virar o mundo do avesso,
sentir a euforia da possessão animal,
rejeitar a paixão, uma por outra paixão
desfolhar a maresia, sem retorno
olhar o céu, enquanto em mim te envolves
vê onde assentam os meu dedos,
possessivos, esfomeados
sentindo-te, explorando
porque a consciência se torna manivela
para te arrastar à loucura,
e no prazer obscuro, sentir-te trémula
e desejar em estertores, arrancar-te a condição
que me domina, que me sacia
até que te rendas, te faças louca
por momentos infinítos, caída em desgraça
Dizem que sou diferente, animal irracional
Apenas porque te venero assim, grotesca e impúdica
Porque insisto em ver candura, onde outros veêm chagas podres
Onde muitos afastam a tua insanidade, eu chamo-te. Minha.
Gemi, na tua dor
Balancei-te nas minhas costas torpes
Esmaguei quem te quis amansar
Em serena tristeza, chorámos, por um mundo que não termina.
Há luas que não ousamos falar
Apenas olhar, furtuitamente o que perseguimos
Mesmo cegos, somos Nós, os que sujeitam
Agarro nas tuas mãos, em sangue, e beijo-as
Na minha boca, a palavra Senhora, é vida
Tu deixas que sonhe, que pergunte
Sentindo algo quando olho para Oeste, longe
Suspiras que temos de partir,
Pois o meu espírito pede para irmos.
Já perdemos a razão,
Numa floresta onde ecoam risos,
E suspiramos novas melodias
Onde outrora residia o sepulcral silêncio
Chamam-me insano, pois a minha alma cintila
Quando me acaricias, e grotesca, te tornas pura virtude
E eu só consigo respirar-te, enfraquecido
Quando nos teus dentes, antecipo o fogo
Tu... finalmente sorris!
Existem nesta desgraçada raça que se diz humana, dois tipos de pessoas. Aqueles seres, normalmente considerados "anormais". São os que se atrevem, contra tudo e contra todos, a sonhar alto. Pecam porque se revelam inadaptados. Fazem da sua existência uma tentativa de escapar à mediocridade. Preferem estar realmente sós, a mal acompanhados. Preferem o frio e o dourado do outono, quando a maioria prefere o tórrido calor ou a massa de gente que grita, chora, pragueja.
Estes "anormais" nada planeiam e são estranos animais de instintos aguçados. Sentem que são únicos, porque de verdade o são. Rejeitam e são rejeitados. Sentem como ninguém, mas prevalecem. Agem, mesmo que estejam errados. E continuam a sonhar. Tentar chegar. Questionam e suportam a ralé.
E do outro lado, quais feras raivosas, estão os que nada fazem para mudar a sua triste condição. Estranham quem tenta, porque são ocos e sem uma centelha de vida criativa. Assumem a normalidade e são vulgarmente banais. Jogam com a sua mísera existência, pensando que amanhã será melhor. Mas o amanhã só traz mais e mais do mesmo. Um peso imenso de ignorância confrangedora, que tentam combater com um porte altivo de arrogância mesquinha.
São aqueles que na matilha ficam atrás, circulando e rosnando, esperando que os outros ataquem a presa e a deixem quase indefesa, para depois cravar os dentes cobardes e imundos, no seu calcanhar, para que esta caía e possam finalmente sentir-se gigantes na sua pequenez.
Para esta raça "normal" vai o meu ódio mais profundo e sem perdão. Pela sua simples existência se revela onde falhamos como sociedade. Tolerar esta "normalidade" confonta-nos cara-a-cara com as nossas próprias fraquezas. Com os nossos dilemas.
Mas, verdade se diga, espelha também o colossal fosso entre seres que habitam um mesmo espaço. E a soberba necessidade de realmente ser diferente da ralé. Mesmo onde houver mesquinhez surda e hipócrita, porque incompetente. Ou então, morrer tentando ...
... Por ti aspirei a uma chama que ardeu em gelo
Sem saber, perdi-me no teu passado ...
... Por te desejar, perdi-te
E agora estou a caminho. Procuro a minha luz
... Este é o meu mundo, esvaindo-se em branco escarlate
Onde morre tudo o que encontro, sem ti desisti ...
... Sem te ver, já me perdi
Para me confrontar, matei a culpa ...
... E não vi solução, para além da morte!