Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Finalmente, sentados na sala, com o café quente e o fumo dos cigarros em nuvem, tomamos a consciência absoluta, implacável, de que a velha senhora não regressaria. Nada pode alterar o facto, de que afinal, qualquer um destes momentos pode ser o último. E nada desta vida deveria ser apenas uma pequena passagem. Todos os minutos, horas, dias e anos, deveriam significar algo. Mesmo quando as decisões são o espelho sujo e deixam as lacerações que rasgam. Mais do que a falta da presença física, do gesto terno e do cheiro a doces de morango, é a constatação de solidão. Sentir a solidão, em dias assim, tresanda a uma bênção santa. É uma porta que fechamos nas nossas costas e muitas vezes um duro acto de misericórdia a nós mesmos. E quando deixamos de falar, quando silenciamos as vozes por algum tempo, a mente tem aquela sórdida tendência de se tornar "branca". Algo sucede: o tempo pára. Foge para outras paragens. Só regressa por palavras ou gestos. Também pode regressar pelo desgosto, essa dádiva que tanto, mas tanto temos de lutar para possuir.