Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Tudo tem dependido do toque. Para mim torna-se muito difícil poder avaliar o que sinto em relação a outra pessoa sem poder tocar. Que é também, sentir. Muitas vezes, por todos o segredos mais profundamente guardados e mesmo na mais intensa vontade de permanecer numa penumbra de esquecimento, é pelo tocar que regresso à superfície. Por razões que a minha razão não alcança, talvez porque insisto desesperadamente em tentar tudo reproduzir por palavras, explicar o vazio preenchido pelo toque é tão terrivelmente insustentável que sucedem dias e noites em que não consigo afastar uma apatia insalubre. E só quando não existe o toque de uma pele, a falta do respirar que alimenta os medos e desassossega a alma mais resistente, é que temos a cruel noção do vazio que existe e povoa a nossa alma e existência. O toque afasta o medo de não existir, creio eu. Mesmo que os dias sejam longos e as noites se estendam por saudades consumidas em antecipação. Como qualquer outra criatura que nada obtém sem marcas profundas, aprendi a beber o seu toque aos poucos e sem pressa.