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- " É apenas um beijo," - disse-me. Um beijo normal, todo feito de lábios e pele, e ainda um pouco de língua. Mas mesmo assim não evita uma observação atenta, tão instintiva em si, de um traço de sorriso muito difuso que corre no meu rosto, com uma afirmação convicta da certeza da existência de um outro brilho nos meus olhos, diferente do normal.
E depois desse beijo, apenas um beijo, disse-me, observa, com precisão astuta, apenas possível em raras criaturas, o meu esforço para me erguer, desajeitado, embaraçado, e a minha insolência de novo presente, como um Homem de ombros firmes e queixo erguido, de novo recordando a Arte do Orgulho de quem deve caminhar direito, e acaba por descobrir ainda melhores processos para a professar melhor do que qualquer outra pessoa.
Adivinha em mim como vibram os pensamentos, porque aspiro o seu perfume, onde foram abertas portas e como voltarão a ser encerradas. Bebe, sedenta, os meus silêncios, em tragos insatisfeitos, não imaginando que aquele beijo não é apenas um beijo para mim. Tem sempre um sabor intenso a desconhecimento, como caminhar na chuva gelada e eu nada saber disso. Mesmo que saiba da sua capacidade em obrigar a minha alma a dançar no Caos mais absoluto, não imagina como é pequeno o peito para conter o meu êxtase mais predador.
Abro os meus olhos em frente aos seus. Os meus, cientes da dimensão dos seus, que são Cósmicos.
De novo desejado. Abrigado. Falsamente indiferente.