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Um estranho amor, este, que não se consegue explicar. Uma escolha? Talvez. Uma forma encontrada para permitir que um pedaço nosso seja arrancado? Absurdo, mas perfeitamente aceitável. Só assim se consegue expressão para tantos pensamentos discordantes - que muitas vezes nada mais suscite a nossa capacidade de transformar aquela maligna ruga que atravessa a testa, sempre presente nos dias mais negros, no despontar de um sorriso, que se converte na nossa própria definição de paraíso.
Talvez seja um amor de escolha: um sorriso e depois um arquear de sobrolho tenso antes do estremecimento.
Uma escolha.
Direita ou esquerda. Um pequeno saborear dos teus olhos. Um vasto planeta aos meus olhos. Mesmo na aridez da mais venenosa fúria, conseguir pressentir o estranho sentimento que navega nesse amor - uma porta aberta para mim. Tantas vezes cego. Tantas vezes cheio de ódio e demasiadas vezes perdido em sombras.
Nem sempre é possível ver esta gema. Demasiadas vezes desbaratando o seu significado. Lamentando os pensamentos e a resposta - se fico ou pura e simplesmente parto.
Por vezes chega esta agonia aos meus pensamentos. Vem de mansinho. Principalmente quando as noites não são acolhedoras como habitualmente. E são estes os momentos mais preciosos, se estiver só. Porque creio firmemente que em companhia, no calor de outros pensamentos, as minhas decisões abririam as portas de par em par para a entrada daquele fogo-primário que nos consome irremediavelmente com a tirania da saudade.
Penso que o esforço despendido a resistir e a sobreviver a estas vagas nos vai assassinando lentamente. Onde os pensamentos parecem não aceitar dobras e folgas para outras realidades. Onde a mais potente das fórmulas para engrandecimento pessoal, este estranho amor, nos obrigue ao medo dos que sabem perfeitamente poder vir a ser consumidos e retalhados.
Estranhas criaturas, nós. Insólitas criaturas, sempre a escolher os caminhos mais sombrios.